Sunday, March 20, 2011

os cursos superiores não são todos iguais


Maria Filomena Mónica escreveu recentemente um artigo para o Público, intitulado Os mitras, os boys e os betos, que causou reacções pouco simpáticas em vários blogs pela internet. O problema é que, a certa altura, a socióloga põe o dedo num dos maiores tabus portugueses: os cursos superiores não estão todos ao mesmo nível.
Mas a qualidade da educação não deveria ter sido, como foi, sacrificada. Os promotores da manifestação de ontem são todos licenciados em Relações Internacionais. Isto habilita-os a quê? Alguém se deu ao trabalho de olhar o conteúdo destes cursos? Os docentes que os regem sabem do que falam? Duvido.
Reconheço que, ao escrever isto, Maria Filomena Mónica não deve ter sido muito justa para com alguns cursos de Relações Internacionais em Universidades prestigiadas onde os professores certamente sabem do que falam. De qualquer forma, o que me interessa questionar é o seguinte: quantos cursos irrelevantes há em Portugal?

Cursos irrelevantes são maus sob todos os pontos de vista, pois enquanto os estudantes estão a perder tempo, os pais e o estado estão a perder dinheiro. De nada vale um diploma quando se sai de lá com os mesmos conhecimentos e sem hipóteses de emprego. Quantos cursos há nestas condições? Quando foi a última vez em que um curso foi encerrado em Portugal por não cumprir estes requisitos? Será que são todos óptimos?

O problema é que em Portugal é proibido dizer que um curso não presta. Quando se confrontam estes optimistas que acham que todos os cursos estão no mesmo patamar de qualidade com factos concretos, como a exigência e a empregabilidade, estes costumam responder com questões de gostos pessoais que nada têm que ver com o que se discute.

No final, quem mais perde são seguramente aqueles que passaram pelo menos três anos da sua vida iludidos com um futuro diferente do que vão ter, vítimas de uma política que anseia elevar a todo o custo a percentagem de licenciados, sem se preocupar com os conhecimentos apreendidos, as capacidades adquiridas ou com o mercado de trabalho.