Tuesday, August 24, 2010

Regresso

Regressado da Suécia, gostaria de explicar o que mais me impressionou no curso Human Spaceflight and Exploration, um curso de Verão em que estive em Kiruna, a cidade mais a norte da Suécia, acima do Círculo Polar Ártico.

Para além da oportunidade de aprender mais sobre a história da exploração espacial, tripulada e não tripulada, a experiência foi sobretudo importante por algumas das pessoas que estiveram a dar conferências. O interesse e a paixão que depositam naquilo que fazem é impressionante. Nunca antes, nem mesmo na área da música (e os músicos, tal como os artistas em geral, costumam ter a estranha convicção de que só eles gostam verdadeiramente daquilo que fazem, ao contrário do aborrecimento das restantes profissões), tinha conhecido pessoas tão apaixonadas por aquilo que fazem.

Gail Iles, uma alemã com o doutoramento em física, falou sobre experiências em micro-gravidade em que participa (rockets e vôos parabólicos feitos pelo avião zero-g, da ESA), sobre turismo espacial e uma possível ida a Marte no futuro. Depositava um entusiasmo tal ao falar sobre o que fazia, que deixou qualquer um na sala com vontade de ser astronauta.

Gerhard Thiele, um astronauta alemão que fez um vôo no Space Shuttle com o objectivo de mapear a superfície terrestre, deu uma primeira conferência sem qualquer apresentação de slides, tendo simplesmente aberto uma discussão sobre o significado do termo exploração, sobre as diferenças entre explorar e fazer ciência, sobre as motivações que levam o Homem a querer ir ao espaço, e sobre as diferenças em termos de objectivos entre exploração triupada e não-tripulada, à medida que ia moderando e dando a sua opinião sobre estes temas. A facilidade com que cativou a audiência, mesmo com temas tão vagos, foi incrível.

Outros exemplos poderiam ser dados, pois não foram poucos os que me marcaram pelas mesmas razões. Mas para não me repetir mais, e a propósito de discursos inspiradores, deixo apenas o famoso discurso de JFK na Universidade de Rice, a propósito da ida à Lua.