Monday, June 20, 2011

um pouco de esperança


Nalgumas coisas, é mais do mesmo. Outras escolhas, são duvidosas. Para além disso, Passos Coelho não me parece ter o perfil ou as capacidades que se exigem a um primeiro-ministro de qualidade. Mas, apesar de tudo, a constituição do novo Governo dá-me um pouco de esperança. O lider do PSD prometeu um Governo que incluísse alguns ministros independentes de topo; apesar de todos os seus defeitos, cumpriu.

Nomes como Álvaro Santos Pereira e Nuno Crato são uma lufada de ar fresco na política portuguesa, já que são pessoas que dedicam a vida ao estudo e à compreensão dos problemas, afastadas das manhas e dos interesses políticos. É claro que, por outro lado, não se pode ignorar a importância da experiência política. Não é fácil para pessoas sobretudo ligadas à vida académica, ter de repente que enfrentar todos os fortes lobbies dos sindicatos em Portugal. Mas é preciso ver as coisas em contexto: numa altura em que o descontentamento com a classe política aumenta, ir buscar nomes independentes e de qualidade é de extrema importância. E neste caso são de facto independentes, pois Teixeira dos Santos ou Eduardo Catroga só têm de independente o facto de nunca se terem lembrado de ir entregar o formulário de inscrição no partido.

Sobre o caso de Nuno Crato em particular, o ruído de fundo já se começou a criar. Antes de se conhecer a composição do Governo, a expectativa recaía sobre o Ministro das Finanças. Afinal, parece que as atenções se viraram de repente para a pasta da Educação. Francisco Assis já veio dizer que uma coisa é escrever artigos em jornais, outra é ter um projecto educativo. (Pena que Nuno Crato não escreva livros para adolescentes, ou Assis certamente já esperaria um projecto educativo de topo.) Os sindicatos já comentaram a escolha pela voz de vários membros, o que não me surpreende, pois como disse Ricardo Costa, para Mário Nogueira não poderia ter havido pior notícia. No Eixo do Mal, Daniel Oliveira já disse que Nuno Crato é um taliban da educação, mas sobre isso não me vou prolongar porque Paulo Guinote já disse tudo aqui.

A razão deste ruído é fácil de perceber: é agora que a educação pode mudar a sério. É difícil, porque em Portugal há sempre imensos entraves à mudança, sobretudo quando ela não agrada a certos lobbies. Mas as pessoas já perceberam que pode ser desta.