Esta notícia do Expresso sobre as provas de aferição de Matemática e Português deixa qualquer um chocado:
Sete em cada dez alunos do 6.º ano não conseguem colocar por ordem alfabética uma lista de nove palavras começadas por 'm'.No teste do 4.º ano, a identificação de um conjunto de palavras graves ou do sujeito e predicado em frases aparentemente simples ("O homem enviou uma carta à lua" e "A lua e as estrelas sorriram") também causou mais problemas do que seria de esperar. No caso deste último exercício, 61% dos alunos não responderam ou não conseguiram ter a cotação total.Em relação à prova de Matemática do 6.º ano, a Sociedade Portuguesa de Matemática chegou a considerar que metade das perguntas correspondia a matéria do 1.º ciclo (até ao 4.º ano). Era o caso da questão em que se pedia para calcular um quarto de oito. O próprio Gave diz tratar-se de um "item aparentemente elementar". Mas só metade dos alunos acertou.
O título da notícia - Já não há perguntas fáceis - lembra-me uma ideia que algumas pessoas têm sobre esta questão (não estou a dizer que é essa a ideia do autor da notícia ao ter colocado este título): como a maioria dos alunos já não consegue responder a estas perguntas, isso significa que elas deixaram de ser fáceis no contexto escolar actual, e como tal a avaliação e a exigência têm que se adaptar a isso.
Não é verdade: estas perguntas continuam a ser estupidamente fáceis para os anos de escolaridade em que estão a ser colocadas, e se os alunos não conseguem responder correctamente, então é necessários que se lhes transmita critérios mais apertados de exigência e de rigor, e não que esses sejam diminuidos na avaliação.
Depois, quando é chegada a altura de avaliar, a questão que se tem de ter em mente é a seguinte: o que está a ser exigido é suficiente para, no futuro, preparar pessoas capazes de pensar e de exercer uma profissão? Caso a resposta seja negativa, então essa avaliação é uma farsa, independentemente da percentagem de alunos que consegue responder correctamente às questões.