Wednesday, December 8, 2010

a audácia do sonho


No curso de Verão que frequentei em Kiruna este ano, intitulado Human Spaceflight and Exploration, o antigo astronauta alemão Gerhard Thiele deu uma primeira palestra sem qualquer apresentação de slides como suporte. Simplesmente colocou questões relacionadas com espaço, e incentivou a discussão de opiniões à medida que também ia partilhando as suas.
Porque é que exploramos (em particular o espaço)?


O que significa exactamente explorar?


Qual é a diferença entre explorar e fazer ciência?
Lembrei-me desta palestra e das questões que foram levantadas (assim como de algumas das respostas de colegas meus) ao ler o livro As Ligações Cósmicas, de Carl Sagan, quando ele fala na mensagem enviada para o espaço a bordo da Pioneer 10 em 1972 e da Pioneer 11 no ano seguinte.

Nestas naves espaciais foi colocada a placa que está na figura. A mensagem, que gerou muita discussão e crítica, destina-se a uma civilização extraterrestre que possa um dia interceptar uma das naves. Algumas das críticas eram pertinente: conseguiria uma civilização extraterrestre interpretar alguma coisa do que lá está? No entanto, outras eram simplesmente estúpidas, sobretudo as vindas de grupos feministas que conseguem sempre arranjar forma de inventar que a mulher está representada como um ser inferior ao homem.

A mim, no entanto, pouco me interessa discutir a mensagem que lá está. Parece-me pouco provavel que, na eventualidade de ser interceptada, a mensagem seja entendida, mas não creio que seja isso que importe. Concordo com quem na altura escreveu que "teremos todos morrido quando esta mesma mensagem numa garrafa for recebida por uma indiscritível patrulha espacial". De qualquer modo, o fundamental é "a sua existência, a audácia do sonho".

No limite, talvez seja a isto que se resume a nossa vontade de explorar. A nossa capacidade de ver mais longe, para lá do tempo que dura uma vida humana, mantendo a esperança na intercepção daquela mensagem que assinala que estamos aqui, independentemente de sermos ou não compreendidos, e sem nunca sabermos que alguém sabe que existimos.