Tuesday, October 5, 2010

O Estado Social em debate



É absolutamente obrigatório assistir ao primeiro programa da nova série do Plano Inclinado, agora só com Medina Carreira e mais um convidado, que neste caso foi o professor João Cantiga Esteves. O tema foi o Estado Social, e por isso mesmo é tão fundamental assistir a estes 50 minutos: de todas as mentiras que a classe política vai repetindo há decadas, esta é uma das mais graves.

Fala-se do Estado Social como se fosse uma garantia que milhões de portugueses vão para sempre receber (independentemente de haver dinheiro ou não), como se fosse meramente uma questão ideológica e não técnica (isto é, se não há dinheiro não pode haver Estado Social, por muito que se goste de exibir uma ideologia de esquerda) e ignorando completamente a conjuntura económica global em que estamos inseridos.

Por isso, quando se diz a verdade acerca deste tema na televisão, é importante que ela seja vista e ouvida pela maioria das pessoas, para que possam ter consciência das mentiras que a classe política vai inventando, eternamente entretida numa luta entre "somos de esquerda" e "somos de direita" que não tem significado a não ser no mundo de fantasia onde a maioria dos políticos portugueses vivem. Como dizia há uns dias o Frei Fernando Ventura numa extraordinária entrevista com Ana Lourenço que o professor Norberto Pires divulgou aqui,
Temos sentados no poder gente peneirenta, da esquerda à direita. Continuamos atavicamente e estupidamente a pensar em critérios políticos de direita e de esquerda. Isto já não existe. Está podre. Acabem com isso. É ridículo. É folclore. Não temos dinheiro para pagar folclore.
E ainda a propósito desta questão da falência do Estado Social enquanto o conhecemos, recomendo a leitura deste texto intitulado A revolução liberal da Suécia que Henrique Raposo escreveu hoje para o seu blog no Expresso, ou, preferencialmente, deste artigo em que se baseia.

Nestes textos é possível entender como a Suécia salvou o seu Estado Social fortíssimo, muito característico dos países nórdicos, da crise económica. Não foi com esta conversa que temos cá de investimentos públicos megalómanos, do estado controlar tudo e da escola pública dominar sem deixar qualquer papel para as famílias. Pelo contrário: atribuição de cheque-ensino para que os pais possam escolher a escola dos filhos, semi-privatização da segurança social e uma economia liberal e flexível são exemplos de medidas que o Governo de centro-direita, agora reeleito, tomou nos últimos anos. Os suecos perceberam que estes são factores que podem gerar riqueza para sustentar o Estado Social, tornando-os a 2ª economia mais competitiva do mundo de acordo com o Global Competitiveness Report de 2010.

Pelo contrário, a grande maioria dos países do Sul da Europa continua a insistir num modelo que, como é possível perceber neste último programa do Plano Inclinado, está destinado à falência. Até quando vamos insistir?