Friday, September 4, 2009

Aprendendo a aprender...


Uma das áreas do conhecimento em que me sinto claramente deficitado é nas Línguas. A única língua estrangeira que domino é o Inglês, e de resto pouco conheço, mesmo superficialmente. Há pouco mais de um mês atrás, decidi que tinha de mudar isso, por duas razões: primeiro, porque no mundo actual, em que a comunicação entre países é cada vez mais importante, saber falar várias línguas é essencial; segundo, porque considero fascinante que se conheçam diversas línguas.

Como tal, fiz duas coisas: comecei a aprender alemão com um professor, e sueco sozinho. O alemão é uma língua muito importante, e como tal a razão por que a quero aprender parece-me que deve ser evidente. Já o sueco pode causar estranheza à maioria das pessoas. Afinal, apenas cerca de 10 milhões de pessoas falam sueco. É muito pouco utilizada fora da Suécia, e mesmo lá dentro o Inglês domina em muitas empresas. Por isso, reconheço, aprender sueco é mais um capricho meu do que uma necessidade prática. Mas, como o país me fascina como nenhum outro, como Estocolmo é um dos meus principais locais de eleição para continuar estudos, e como acredito que o conhecimento não tem que ser justificado pelo seu interesse prático, decidi começar a aprender a língua.

Contudo, todos sabemos que aprender línguas é um desafio gigante. Mesmo com um apoio constante por parte de um professor, a aprendizagem de uma língua não se faz num mês ou num ano. É, na verdade, um processo custoso e demorado que leva anos. Imagine-se, então, a dificuldade de se aprender uma língua sozinho. Mesmo assim, aceitei o desafio. Comecei por estudar utilizando um programa muito famoso, que diz utilizar as técnicas mais modernas de ensino de uma língua estrangeira. Não tem absolutamente nada em inglês ou em português a ensinar ou a explicar, apenas imagens e palavras em sueco. A chave para o sucesso é repetição, repetição, repetição, até que inconscientemente as coisas entrem na cabeça, ao compararmos as palavras com as imagens.

Passado umas semanas, embora consciente de que a aprendizagem de uma língua é um processo muito lento, achei que este estava a ser ainda mais lento do que devia. Na verdade, para além de umas palavrinhas soltas, eu não sabia absolutamente nada de sueco. Decidi, então, que tinha de mudar o meu processo de aprendizagem. Adquiri uma gramática, emprestaram-me um livro já com várias décadas chamado Teach Yourself Swedish, e pus mãos à obra novamente. Este livro, ao contrário do programa de computador que eu estava a usar, tinha comentários em inglês, que não só traduziam as palavras suecas, como também explicavam a gramática, a construção frásica, etc.

Surpresa das surpresas: passado vários dias, sentia que já sabia uma data de coisas de sueco. E desta vez a usar um livro quase da idade da minha avó, em vez de um programa que utiliza as tecnologias mais modernas! Mas a verdade é que conseguia construir frases simples e, usando as regras que me tinham sido ensinadas pelo livro, podia até adivinhar como se construiriam outras palavras e frases que ainda não tinha lido. Se tivesse continuado a utilizar o programa original, por esta altura continuaria eu desesperadamente à procura de alguma ordem e algum sentido no meio das palavras aleatórias que me iam sendo debitadas, tal e qual como alguém que anda às apalpadelas à procura de um interruptor, quando se encontra numa casa escura que desconhece. Não será melhor deixar que quem conhece a casa nos acenda a luz?


A fotografia do início do post é do interior da Biblioteca Nacional Sueca, em Estocolmo, tirada no dia 30 de Dezembro de 2008.