Esta notícia lembrou-me um excerto do livro que dá título a este blog:
Como tantas vezes fazia quando estava à espera do meu pai, a minha mãe mudara de roupa e pintara-se. O Sol estava quase a pôr-se e ficámos os dois a olhar para além das águas encrespadas.
- Há pessoas a lutarem além, a matarem-se umas às outras - disse ela, fazendo um aceno vago em direcção ao outro lado do Atlântico.
- Eu sei - retorqui, depois de perscrutar o horizonte. - Estou a vê-las.
- Não estás nada - replicou minha mãe, quase com severidade, antes de voltar para a cozinha. - Estão demasiado longe.
Fiquei a perguntar a mim próprio como poderia ela saber se eu as estava a ver ou não. Fixando ao longe os olhos semicerrados, pensara distinguir uma estreita faixa de terra no horizonte, sobre a qual figuras minúsculas andavam aos empurrões e encontrões e travavam duelos com espadas, como faziam nos meus livros de quadradinhos. Mas talvez ela tivesse razão. Talvez fosse só imaginação, qualquer coisa como os monstros que, de quando em quando, ainda me acordavam de um sono profundo a meio da noite, com o pijama empapado em suor e o coração aos saltos.
Como é possível dizer quando se está apenas a imaginar?
Saber responder a esta questão é da maior importância, e Carl Sagan procura encontrar-lhe uma resposta durante o resto do livro. Da mesma forma, defende que tal resposta deve ser ensinada às pessoas, e que a ciência tem um papel importantíssimo nessa divulgação. Na ciência e no método científico residem a resposta a esta pergunta.