Saturday, October 17, 2009

Ranking das Escolas Secundárias

Como já vai acontecendo há oito anos, foi mais uma vez disponibilizado o ranking SIC/Expresso das escolas do ensino secundário do país, seriadas pela média dos exames nacionais, sendo também revelada a classificação interna dos alunos. Sobre os dados que consultei, gostaria de destacar dois e comentá-los.

1) No TOP20 existem apenas 3 escolas públicas, e nenhuma entre as primeiras 10. Ao olhar para estes números, devemos reflectir sobre as razões que fazem com que isto aconteça, e como corrigi-lo. Parece-me óbvio, desde logo, que o sistema educativo público tem problemas. Como me parece irrealista pensar que os professores do ensino privado são melhores que os professores do ensino público, essa não deve ser a causa desses problemas. Na minha opinião, a causa tem que ver sobretudo com o espírito de motivação e de esforço que muitas escolas privadas conservam. Pelo contrário, na maioria das escolas públicas, com a figura de autoridade do professor completamente desfeita, torna-se complicado passar esse espírito aos alunos. No entanto, é um problema corrigível, sendo o principal passo dar mais poder de decisão às escolas.

2) A classificação nos exames em comparação com a classificação interna não é tão proporcional como deveria. Fazendo uma média das 10 primeiras escolas, o factor de proporcionalidade é de 1.09; para as 10 escolas a meio da tabela é de 1.27; para as 10 últimas é de 1.57. Gostaria de verificar como varia o factor de proporcionalidade à medida que a posição na tabela vai descendo, mas estes números já nos permitem fazer uma estimativa muito boa. Perante isto, acho lamentável que se defenda a abolição dos exames nacionais, ou que estes devem ter menor peso. Como podemos observar, as notas dos alunos nas piores escolas são inflaccionadas de forma injusta. Quando procuramos casos em particular, assusta ainda mais: por exemplo, a escola que está em 405º tem uma média de classificação interna mais elevada do que a que está em 22º! Mesmo sendo verdade que se trata de um caso extremo, há outros exemplos de injustiças que não deixam dúvidas: se virmos a tabela entre o número 100 e o 400, por exemplo, podemos ver a diferença entre a evolução da classificação interna e a dos exames, e tirar conclusões. É claramente preciso pensar sobre se os exames não devem ter mais peso na classificação geral do aluno.