Serve este post para deixar o video do último Plano Inclinado, mas antes disso aqui ficam algumas opiniões. Depois de ter visto os dois primeiros programas, e tendo em conta que são três dos comentadores que mais aprecio em Portugal (e como tal os pontos positivos que vejo no programa são mais que muitos), gostaria de destacar os seguintes pontos negativos:
1) Medina Carreira está a querer monopolizar o programa, falando a maior parte do tempo, às vezes à custa de interromper os outros. É certo que a proposta do programa foi sua, mas a partir do momento que estão os três no ar, devem estar em pé de igualdade. Isto tem que ser corrigido, não só pelo próprio, que tem que tomar consciência disso, como por Mário Crespo, que deve fazer um esforço para equilibrar os tempos.
2) Nuno Crato parece estar um pouco a leste da abordagem de Medina Carreira e João Duque. O que é absolutamente normal, tendo em conta a sua formação académica e os seus temas de eleição. De qualquer forma, não deve, ao contrário do que tem acontecido, falar menos por causa disso. Em primeiro lugar, os temas discutidos têm de ser mais amplos: há muita coisa mal em Portugal para além do endividamento externo. No entanto, mesmo que o tema seja apenas este, a perspectiva menos técnica de Nuno Crato tem muito para enriquecer o debate. Note-se, por exemplo, que a sua intervenção sobre as potências asiáticas emergentes foi excelente.
3) Mário Crespo, pondo de parte o equilíbrio dos tempos que ainda tem para melhorar, confirma que é de facto o auge da qualidade jornalística em Portugal. Por um lado, não se limita a ser uma máquina que despeja perguntas e passa a palavra entre os comentadores, um sistema utilizado por muitos jornalistas inseguros e incapazes. Por outro lado, recusa um estilo sensasionalista e de querer dominar o debate. Na verdade, quando tem o papel de moderador, o que vemos é um ser humano de carne e osso, com opiniões próprias mas que não quer sobrepor às dos outros, e que, respeitando a seriedade e a ética jornalística, sabe explorar as fraquezas dos comentadores fazendo as perguntas correctas. Exemplo disso foi quando questionou Medina Carreira a propósito de apresentar soluções.
Aqui fica, então, o programa.