Fiquei espantado quando vi, hoje, na SIC, vários alunos a dizer que o exame da 2ª fase de matemática tinha sido de igual dificuldade ou mais fácil do que o da primeira fase, porque já tinha visto o exame e achei-o num grau de dificuldade superior. Saiu, há poucos minutos, o parecer da Sociedade Portuguesa de Matemática, que também concorda com o ligeiro aumento da exigência.
Este exame, embora não seja difícil, consegue algo que os exames de matemática do ensino secundário raramente conseguem: distinguir os alunos excelentes dos alunos bons. Perguntas como a questão 6 deveriam estar sempre presentes, não só porque apresentam funções de forma abstracta, sem contextos forçados à vida real que pouco testam ao raciocínio matemático, mas também porque obrigam os alunos a utilizar argumentos analíticos importantes para chegarem às conclusões pedidas.
Fiquei também surpreso, pela positiva, com a pergunta 3. Demonstrações são raras no ensino secundário, o que claramente é prejudicial ao conhecimento. Preparar os alunos para o raciocínio das demonstrações devia ser algo fundamental no ensino secundário, sobretudo para quem vai seguir estudos em áreas relacionadas com a matemática. Por isso, questões como esta são muito bem-vindas. Sobre isso, a SPM diz, e muito bem, o que segue.
A Sociedade Portuguesa de Matemática tem vindo a chamar a atenção para o progressivo desaparecimento das demonstrações no ensino secundário. Tal facto é incompatível com a boa formação matemática dos alunos. Deste ponto de vista a questão 3. parece-nos adequada e bem concebida, pois para ser correctamente resolvida obriga a algum rigor de raciocínio por parte do aluno. No entanto, os critérios de correcção parecem não exigir este rigor.
Fica também provado, com os comentários gerais da SPM às duas fases de exames, que esta não se limita a lançar críticas a tudo o que sai do Ministério da Educação, mas que produz e sempre produziu críticas construtivas, maioritarias em críticas ou em elogios consoante os próprios exames o mereciam.
Contudo, apesar de, desta vez, os elogios serem vários, a questão 4.1 certamente dará que falar, e não sei que solução será adoptada para resolver este problema. É que a solução dos critérios de correcção apenas contempla uma das três soluções possíveis apresentadas pela Sociedade Portuguesa de Matemática. Enfim, esperemos para ver...