A acção da ala monárquica do 31 da Armada não é para levar a sério, e nem eles queriam que fosse. No entanto, é tão insignificante que não vale a pena perder tempo a comentá-la. De qualquer forma, não resisto a colocar aqui o comentário de Ferreira Fernandes sobre o sucedido, no Diário de Notícias. No típico estilo divertido do cronista, levou a acção como uma brincadeira insignificante (com piada ou não, isso já é mais discutível, em particular não achei lá muita, mas não deixa de ser uma brincadeira por causa disso) e compara uma monarquia a jogar no Casino. Aqui fica o texto:
Aprecio uma boa acção política. O cidadão que pela madrugada atravessou a Praça do Município de escada ao ombro, subiu à varanda e hasteou a bandeira da Monarquia tem a minha simpatia. Acção justa: defende uma causa. Acção oportuna: aproveita-se da proximidade do centenário da República. Acção no lugar certo: naquela varanda foi mudado o regime, em 1910. Acção estética: é bonita aquela bandeira. Acção bem propagandeada: filmou-se a coisa. E, sobretudo, acção como devem ser as políticas: comprometendo só quem a faz (não mandando outros à frente), e com um gesto sem consequências definitivas (não se arriscou sangue, só umas bordoadas na esquadra vizinha). É pena que com tanto acerto se descurasse um ponto: a causa em si. A causa é digna, já o disse, mas não me anima restaurar a Monarquia. Eu, quando quero jogar, vou ao casino. Apostar que o filho do rei, por ser filho do rei, é quem melhor nos governa pode dar jackpot (D. João II) ou a forte probabilidade de um cretino (a lista não cabe aqui). Mas, repito, gostei da acção. Como gosto de cada vez que a Liga para a Libertação dos Anões de Jardim rouba um.