Friday, July 16, 2010

The Thin Red Line - Criterion


Em Setembro, a Criterion vai editar em DVD e Blu-Ray um dos mais belos filmes de todos os tempos: The Thin Red Line, de Terrence Malick, esse poeta das imagens e das relações humanas. Finalmente, esta obra-prima intemporal tem uma edição à altura.

Para além da qualidade Criterion que estará certamente garantida na imagem, com transferência aprovada por Terrence Malick, a edição tem ainda uma série de extras que se podem encontrar aqui.

Abaixo, deixo o trailer e alguns excertos de um artigo que João Bénard da Costa escreveu sobre este filme, que utiliza um cenário de guerra para tratar de tudo o que aflige o ser humano: da solidão, da esperança, do medo, do amor, da coragem, do desespero, da morte, e da vida.
A luz, a luz tropical, invade tanto tudo que nem reparamos bem que o dia claro é também baço e que as húmidas nuvens cobrem o sol. Até que há (imenso plano geral) esse enorme "arrepio" da verdura, sacudida pelo vento. "The close you are to Caesar, the greater the fear". A escuridão adensa-se? Pelo contrário, o sol brilha e torna tudo ainda mais verde (a côr do medo, diz-se) e ainda mais suave. E basta esse sinal de luz - essa mudança de luz - ("let there be light") - para sabermos, antes, que à visão do paraíso se vai suceder a do inferno, que a morte vai ceifar a vida. É preciso ser-se absolutamente genial para conseguir um tal plano e um tal absoluto. (...)
Quando os sobreviventes da chacina chegam ao alto da colina e enfrentam os japoneses, vemos homens tão apavorados como apavorados víramos os brancos no início. Há um americano que conversa com um japonês agonizante. Em voz baixa, num tom neutro, diz ao moribundo coisas horríveis (...). Que pensará o japonês enquanto o ouve? Perceberá a agressão, o ódio, ou levado pelo tom de voz, julgará que aquele outro homem o consola à hora da morte? Quando já tivemos tempo para pensar nisto tudo, começa a falar. E é a nossa vez (e vez do americano) de nada percebermos. O moribundo responde ao ódio com ódio? Fala de si próprio e das saudades de quem vai deixar? Tenta transmitir uma mensagem? Pede perdão? Nunca saberemos. Mas sabemos que, naquele campo de medo e naquele campo de sangue, não há diálogos, mas só monólogos.