Os países nórdicos têm um estado social muito forte.
[Na Dinamarca] não pagamos hospitais, nem escolas, e quando estamos no liceu ou na universidade recebemos dinheiro para estudar. Ser estudante é quase como um emprego. O Governo dá-nos dinheiro para estudar, o suficiente para vivermos e pagarmos a renda.
No entanto, importa referir que esse estado social não foi adquirido a qualquer custo. Durante os anos 90, o Norte da Europa foi assolado por uma crise fortíssima. Em Portugal, ouvimos os Alegres e os Soares constantemente a dizer que o estado social tem que estar lá sempre para garantir tudo aos cidadãos. Responder à questão "há dinheiro?" parece ser um pormenor dispensável para estas pessoas.
Pelo contrário, para os políticos (e para as pessoas em geral) do norte europeu, por muito importante que o estado social seja (e é, como já vimos), há uma coisa mais importante: a realidade; quando não há dinheiro, nalguma coisa tem que se cortar. O que fez então a Finlândia para sair da crise dos anos 90?
Criar uma economia “baseada no conhecimento e na tecnologia” (...). Para isso, o Estado investiu em investigação (é o terceiro país do mundo que mais investe nesse sector, a seguir à Suécia e a Israel). E cortou onde? “Em praticamente todas as áreas à excepção da investigação e educação, que foram as únicas em que o investimento aumentou.
Em suma, há que saber assumir que o dinheiro não é infinito e que, no meio de uma crise, é necessário escolher áreas essenciais. Os políticos portugueses ainda não tiveram essa coragem.
Finalmente, repare-se na estratégia que é investir em educação no meio de uma crise. Como se sabe, os efeitos do investimento em educação são lentos, mas mais uma vez estes países souberam pensar a longo prazo, e não apenas para cada legislatura. Contudo, os efeitos estão aí: passados 15 anos, a Finlândia tem aparecido, ano a após ano, a liderar os rankings do PISA, tendo sido apenas recentemente ultrapassada pela Coreia do Sul.
Nota: esta foto é excepção ao que disse no primeiro post desta série sobre os países nórdicos, sendo a única que não foi tirada por mim, pois nunca estive na Finlândia.