Sunday, January 2, 2011

Presidenciais


O que vi dos debates presidenciais (não foi muito, confesso) pouco mudou a minha opinião sobre os candidatos, à excepção de um. Já se sabia que Cavaco Silva ia manter-se no mesmo estilo de sempre, que Francisco Lopes e Defensor Moura não causam qualquer mossa, e que Alegre é o que de mais demagógico há na política portuguesa, para além de se ter esquecido de olhar para o calendário e verificar que já não estamos em 1974.

No entanto, quanto a Fernando Nobre, se por um lado era evidente que ia insistir no argumento "já vi pobreza, por isso sou um bom candidato", por outro era completamente imprevisível que o fosse fazer de forma tão baixa e infeliz. Vê-lo virar-se para Francisco Lopes e dizer-lhe que não sabe o que é pobreza porque nunca viu uma criança a correr atrás de uma galinha para lhe tirar o pão que tem no bico só pode ser visto como uma tentativa de derrotar Alegre no campeonato da demagogia.

Para além do mais, todos os candidatos à excepção de Cavaco Silva caem num erro de discurso que foi muito bem explicado por Miguel Sousa Tavares há alguns dias, na SIC:
Todos eles, aparentemente, são contra o orçamento que foi aprovado; todos eles são contra a Europa ou queixam-se da Europa; todos eles são contra os mercados, que classificam com os piores nomes, de agiotas para cima, etc. Nenhum deles, a meu ver, consegue responder à simples pergunta de: para o ano Portugal vai precisar de 45 mil milhões de euros emprestados para refundir empréstimos; se nós não queremos os mercados, onde é que vamos buscar o dinheiro? Ou fechamos o país, e então não há dinheiro para pagar salários nem nada.
Com este pobre cenário, só há duas opções: votar em Cavaco, que embora pouco faça e seja mais do mesmo, ao menos vive na realidade; ou a abstenção. Uma questão para decidir brevemente.